Brasília - A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) faz um alerta para a necessidade de uma política de longo prazo voltada à prevenção do consumo do crack. “O crack é a crônica da morte anunciada. Há muitos anos temos anunciado essa realidade ao governo. Sabemos efetivamente que não darão conta do problema sem uma política a longo prazo”, ressaltou, hoje (9) o diretor da ABP, João Carlos Dias, durante entrevista ao programa Revista Brasil da Rádio Nacional.
Segundo estimativas do Ministério da Saúde, existem cerca de 600 mil usuários no país. “Essa é uma droga cuja dependência é muito grave e dificilmente o usuário consegue interromper o uso sem uma rede de tratamento muito bem organizada”, destacou. “Para isso é necessário que haja uma estrutura de médicos, psiquiatras, assistentes sociais e bons hospitais para que o atendimento seja completo e tenha resultado, algo que hoje infelizmente não existe”, completou.
Estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) que acompanha há 15 anos os primeiros 131 usuários de crack identificados no começo dos anos 90, na capital paulista, mostrou que cerca de 30% deles morreram nos primeiros cinco anos. A maior parte das mortes foi por homicídio. Esse estudo mostrou também as grandes dificuldades que os parentes tiveram em achar algum tipo de tratamento para os usuários. “Se esse estudo puder servir para avaliar o que ocorre no Brasil, como um todo, teremos a morte de pelo menos 180 mil usuários de crack nos próximos anos”, acrescentou.
O governo, como forma de reverter essa realidade, lançou este ano o Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras Drogas. O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) terá mais R$ 100 milhões para ampliação de Centros de Referência de Assistência Social (Cras), Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas) e do atendimento a jovens em medidas socioeducativas. No total, serão disponibilizados R$ 410 milhões para ações de assistência social, saúde e repressão ao tráfico.
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