07/08/2010

AUDIÊNCIA PÚBLICA DA SAÚDE (II)

Insisto no tema da audiência pública da Saúde, em Campos, pela sua relevância, mas, sobretudo, pela urgência que o assunto exige. É público e notório que o sistema de Saúde plena gestado no Município ainda está muito longe do ideal. Só para exemplificar o que digo, cito o modelo de marcação de consultas, que chegou a virar peça de propaganda oficial por sua suposta eficácia. Em verdade, a população continua padecendo nas filas, na busca de atendimento específico.
Uma visita rápida aos hospitais públicos ou aos hospitais conveniados é suficiente para identificar as fragilidades do sistema. Durante a última semana, a imprensa noticiou, com fartura, os problemas do Hospital Geral de Guarús, onde a situação do atendimento é grave. Criado para funcionar como unidade complementar e para tratamentos específicos, o HGG, hoje, não cumpre sua finalidade. Há setores, como o que cuida da oftalmologia, onde existem aparelhos que aguardam há mais de um ano reparos básicos.
Diante da realidade, não adianta tentar criar uma imagem de resolutividade, com a propaganda oficial, apenas. O que é necessário é o investimento adequado e a total aplicação dos recursos nos fins aos quais se destinam. Recentemente, o prefeito Nelson Nahim disse, durante uma entrevista, que com poucos dias no exercício da função de prefeito, detectou que os valores destinados à remuneração dos médicos dos hospitais conveniados, não estavam sendo aplicados integralmente. O prefeito, na época, anunciou que ouviria os médicos, mas depois não ficou esclarecido para a sociedade que solução foi encontrada para corrigir o problema.
Não é razoável que, numa cidade como a nossa, pólo regional, detentora do quinto orçamento municipal do país, com uma população que já deve estar na casa dos 500 mil habitantes, ainda sofra com problemas estruturais na área da Saúde, como falta de medicamentos nos Postos e ausência de médicos especialistas, como é o caso da Pediatria.
A Audiência Pública que defendo é uma proposta de discussão ampla da política de Saúde Municipal. Não considero a hipótese de uma partidarização da discussão. Não se trata de estabelecer, aqui, um confronto da Oposição com o Governo ou tentar colocar a sociedade civil contra os gestores oficiais. O que acho fundamental é que as autoridades públicas e todos que têm envolvimento profissional com a Saúde possam estar ao redor da mesa de discussão, propondo soluções, a partir de um amplo e debatido diagnóstico.
Nesse sentido, tenho cobrado da Câmara a sua contribuição para a criação deste fórum, oportunidade em que os agentes de Saúde, as representações profissionais de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, gestores públicos e demais interessados estejam do mesmo lado, na defesa da Saúde que queremos e que temos Direito.

Ilsan Viana – Vereadora PDT
Artigo publicado na edição deste sábado,07/08/2010
no jornal Folha da Manhã

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