09/03/2011

NA CONTRA MÃO

A cada dia, o empresário Eike Batista anuncia, através de suas empresas, novos investimentos no complexo portuário do Açu, que compreende além do cais de atracação de embarcações, o que se convencionou chamar de retro área, um mega pátio alfandegado, com empresas diversas, armazéns e afins. Empreendimento dessa envergadura, já está claro para qualquer pessoa de inteligência mediana, não se restringe, unicamente, ao local onde está sediado. Sua abrangência é, no mínimo, regional. E a pergunta que não quer calar é a seguinte: o que as prefeituras dos municípios circunvizinhos estão fazendo para não serem atropeladas pelo progresso desordenado?
Bem, imagino que cada prefeito terá que assumir suas responsabilidades, mas a minha obrigação como vereadora é alertar, sobretudo, os gestores do meu Município. Aqui, em Campos, além das mudanças que virão, em maior escala, a partir de agora, por conta do Porto do Açu, ainda temos o investimento conjunto das prefeituras de Quissamã e Campos, além do governo do Estado do Rio de Janeiro, na Barra do Furado e suas conseqüências. Dois setores da sociedade campista já revelam, nitidamente, alterações conjunturais: o transporte e, por conseguinte, o trânsito urbano e o imobiliário. Pesquisa recente revela que no quadrilátero que compreende o centro da cidade, incluindo os bairros mais próximos, existem recém construídos e em construção mais de 100 prédios.
Prevendo o avanço do desenvolvimento regional e a conseqüente ausência, na mesma proporção, de políticas públicas comprometidas em ordenar esse crescimento, propus, no ano passado, a instituição de um Fórum Permanente de discussão, na Câmara Municipal para diagnosticar as nossas carências e propor medidas alternativas. Iniciamos o ciclo de debates, com o diretor regional da Firjan, Luiz Mário Concebida. Este ano, vamos aprofundar a discussão, convidando representantes de todos os setores produtivos. Lembro que para aprovar o meu requerimento que propunha o convite de Luiz Mário, tive que enfrentar a resistência da bancada oficial, que via na minha iniciativa uma ameaça à paralisia do governo municipal. Contudo, não podemos nos acovardar neste momento, sob pena de sermos responsabilizados como cúmplices dos que não querem, verdadeiramente, o desenvolvimento harmônico de Campos.

A questão é preocupante, principalmente, porque a administração municipal revela-se tímida em assumir o papel que lhe cabe de gerente do processo social. O que assistimos é uma sucessão de promessas que foram muito úteis na campanha eleitoral, mas que agora, estão relegadas ao plano do cinismo. São casas anunciadas e não construídas, embora em larga escala, pagas; municipalização e duplicação do trecho urbano da BR-101 que não saiu do papel; desperdício de dinheiro público na manutenção e custeio da iluminação pública, conforme recente denúncia, enfim, um governo na contra mão da história.

Ilsan Viana – Vereadora PDT

Artigo publicado no
jornal Folha da Manhã

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