Você pra lá e eu pra cá ... até abril!

O carnaval chegou, passou e com ele os pontos altos da festa popular mais esperada do ano: os desfiles das escolas de samba, blocos carnavalescos, bois e associações folclóricas. O Carnaval de Campos desde 2009, contrariando o calendário convencional, passou a ser comemorado fora de época. As justificativas do governo foram as enchetes que abalaram o município, naquele ano. Desde então, os desfiles ficaram ao sabor das conveniências da prefeita. Este ano, a previsão é que a festa seja em fins de abril e início de maio. E há ainda uma intenção declarada pela secretaria de Cultura de transferiir, em definitivo, o desfile dos bois pintadinhos para agosto, quando se comemora o dia do folclore.

É importante ressaltar que Campos sempre teve uma forte tradição de bons desfiles carnavalescos. Independente dos problemas enfrentados pelas agremiações, que ao longo do ano, não têm atividades regulares e a maioria absoluta fique dependente da ajuda financeira da prefeitura, não se pode negar que muitas escolas e blocos apresentam ricos carnavais na avenida. Há uma referência que Campos já chegou a ser o quinto carnaval do País. O fato é que nos últimos anos, nós percebemos um processo de prefeiturização da festa de Momo. Além da ajuda financeira, o governo decide sobre enredo e determina, inclusive, que os compositores mantenham exclusividade com suas escolas.

Uma situação complicada, na medida, em que a única oportunidade que os compositores têm para ganhar algum dinheiro, é, justamente, neste período de Carnaval. Os compositores João Damásio e Toninho Shita, inclusive, em função da situação imposta pelo governo, resolveram fundar uma associação que reúna estes profissionais e lute pelos seus direitos. Na história dos nossos carnavais há sambas enredo antológicos que marcaram época. A nossa tradição criativa vêm de nomes inesquecíveis como Jorge da Paz Almeida, Geraldo Gamboa, Neguinho da União da Esperança, Waldo Pessanha e uma infinidade de grandes autores do samba.

Este ano, está sendo igual àquele que passou. O sambódromo prometido ficará só mesmo na promessa. A obra discutiva da prefeitura ainda não tem data certa para inauguração. Importante que quando estiver funcionando regularmente seja o palco ideal para os artistas. Aliás, é bom ressaltar que carnaval é feito por carnavalescos e não por governo algum. O melhor exemplo é o do Rio de Janeiro, a maior festa popular do planeta. Lá a prefeitura garante a estrutura e os artistas fazem a festa. Aliás, um exemplo de enaltação da cultura popular brasileira. Basta ver a unanimidade da Beija-Flor, que homenageou o Rei Roberto Carlos. Quanto ao carnaval de Campos, só nos resta cantarmos “Você pra lá e eu pra cá ... até abril!”

Ilsan Viana – Vereadora PDT

Artigo publicado no

jornal Folha da Manhã