25/02/2012

Falador da Lapa

Em entrevista ao programa “Poder e Política”, após ser indagado sobre os bons índices de aprovação da presidente Dilma Rousseff, o deputado federal Anthony Garotinho, esbanjando arrogância, afirmou que “Hitler também era popular”. Vendo que havia cometido um erro gravíssimo, ele voltou atrás e relatou posteriormente que em momento algum fez uma comparação entre a petista e o nazista. Mas aí já era tarde. Em um artigo que circulou por toda a internet, o jornalista e escritor Marcelo Carneiro da Cunha mostra a verdadeira face do marido da prefeita de Campos. Ao citar Hitler, o deputado se esqueceu que em muitos momentos de nossas vidas estamos diante de um espelho. Só conseguimos enxergar certos defeitos nos outros porque temos os mesmos defeitos dentro de nós.
Em seu artigo, Marcelo Carneiro explica que a popularidade de Dilma e de Hitler vêm de origens absolutamente distintas. A origem da popularidade de Hitler não pode ser comparada com a de Dilma, mas pode sim ser comparada com a personalidade do deputado Garotinho. Hitler se tornou popular por oferecer promessas irrealizáveis a pessoas  que estavam completamente desesperadas. Ele também se tornou popular por propor a repressão a minorias indefesas e prometeu Mudança e Emprego. Resumindo: Hitler era um populista e prometia simplicidades. “Quem lutou por justiça, foi presa e barbaramente torturada foi a Dilma, não foi? Que nunca usou isso para nada, nem a seu favor nem contra ninguém. Me parece muito digno, e talvez por isso ela seja popular, quem sabe? Já o senhor, na relação com a justiça, pelo menos a federal, foi condenado por formação de quadrilha, não foi? Quem se aproxima mais dos ideais cristãos? Cristo apoiaria gente que se torna popular promovendo a intolerância e a perseguição a inocentes?”, questionou o jornalista, ressaltando que Hitler se tornou popular por explicar que todos os problemas eram causados pelos judeus, pelos ciganos, pelos eslavos, pelos homossexuais.
Hitler escondia os seus defeitos, bancava o salvador da pátria e colocava a culpa nos outros. Quem acompanhou as últimas eleições em Campos viu algo muito semelhante. Se Hitler apontava os judeus, negros, ciganos e homossexuais como os culpados, em Campos o grupo do deputado dizia que tudo de ruim era culpa dos seus adversários. Inventou contas no exterior, gritou, humilhou e usou o rádio para repetir mil vezes uma mentira com o objetivo de transformá-la em verdade. E adivinhe quem também fazia isso? Joseph Goebbels, ministro da Propaganda de Hitler.
O líder nazista, como muitos líderes que vemos por aí, dizia que "toda propaganda tem que ser popular e acomodar-se à compreensão dos menos inteligentes". Infelizmente, quase 70 anos após a morte de Hitler, ainda existe espaço para pessoas que pensam desta forma. Dizem que Hitler ficou completamente louco após passar muito tempo em seu mundinho, rodeado por aduladores e sonhando em conquistar o mundo. Espero que outras criaturas megalomaníacas voltem para o mundo real e pensem um pouco antes de falar besteiras.

Artigo publicado hoje (25) pela Folha da Manhã

Nenhum comentário: