17/02/2011

Na trilha da estabilidade

No Brasil, segundo o DIEESE, a taxa de desemprego atinge menos de 20% da população e a proporção de trabalhadores com empregos formais em relação aos informais é de 1 para 2. A mão-de-obra nunca foi tão abundante e, por isso, a dificuldade para se conseguir um novo emprego deixou de ser um problema dos menos qualificados e passou a atingir a todos, indistintamente. Tanto os operários de baixa qualificação quanto os profissionais com títulos de mestres e doutores temem perder o emprego e ter dificuldade para retornar ao mercado de trabalho. Esse cenário tão desfavorável aos trabalhadores faz com que algumas empresas não prestem atenção nas relações de trabalho, sobretudo em profissionais que produzem e apresentam bons resultados. Há uma grande expectativa de que neste ano ocorra uma inversão nesta curva. A economia tem dado sinais de recuperação, mas ainda é cedo para se vislumbrar um crescimento sustentado, capaz de absorver a grande massa de trabalhadores desempregados que tem o nosso país. Este é, sem dúvida, o grande desafio do momento. As empresas estatais têm passado por mudanças. Com o governo Lula, vários líderes sindicais passaram a postos gerenciais e até mesmo de direção. Na maioria dos casos, trata-se de empregados qualificados e potencialmente capazes. Com uma estatística gritante de desemprego em Campos, os pedidos em busca de trabalho ocupam a casa de 70% do meu gabinete. Sabemos que após o Fundecam começou uma mudança em Campos. Coma proposta de surgimento de novos empregos, as pessoas hoje buscam se qualificar para ocupar as vagas oferecidas. Mas sabemos também que a Prefeitura Municipal de Campos é o maior órgão empregador do município. Em outras palavras, a Administração Pública paga a empresa prestadora de serviços terceirizados, esta desaparece com o dinheiro, não paga o trabalhador e este nada recebe, ficando por isto mesmo. Registro que esta lógica não se aplica caso o tomador de serviços seja uma sociedade empresária, ou seja, uma entidade empresarial da iniciativa privada, pois naturalmente que não se aplica a esta o art. 71 da Lei de Licitações. Repito, isto vale apenas para o caso de terceirização com a Administração Pública. Mas isso não seria necessário se houvessem concursos. Dar aos terceirizados a chance e uma estabilidade é o mínimo que pode ser feito. Quem já está trabalhando ter um tempo suficiente para se preparar para o concurso. Grande exemplo, é o de uma funcionária do Hospital Ferreira Machado, que prefiro manter o nome no anonimato, trabalha há quase 20 anos naquela unidade de saúde, porém, há oito anos é concursada, ou seja, não precisou sair do seu ambiente de trabalho e conseguiu se preparar para o concurso onde trabalhava. Avançando no raciocínio, se antes a terceirização era uma forma de diminuir o índice de desemprego, por outro lado o melhor investimento ainda é o concurso público.

Ilsan Viana

-Vereadora -

Artigo publicado no jornal
Folha da Manhã

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