Recriar é muito fácil...

Criado em 2002 com o objetivo de atrair investimentos para Campos, o Fundo de Desenvolvimento de Campos (Fundecam), criado no governo do ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT), tinha meta ambiciosa de tornar-se auto-suficiente, sem a necessidade de investimentos dos royalties do petróleo. Este ano, a prefeita Rosinha Garotinho promoveu uma mudança de perfil na proposta original e o relançou com o nome de “Novo Fundecam”, criticando antigos governos e os projetos desenvolvidos anteriormente. Afastado do mundo político, o criador e primeiro gestor do Fundo, o jornalista Luiz Mário Concebida, declara que não está acompanhando os novos rumos do Fundecam e que não sabe o que mudou de fato, entretanto, ressalta que ele foi criado como um programa de desenvolvimento para a região e não para ser linha de crédito mantida pelos juros das empresas, sem o objetivo direto de atrair novas unidades industriais para o município.

Concebida afirma que é muito fácil macular o que já foi feito em governos anteriores e desmerecer tudo o que já havia sido realizado.

— Acho curioso ver a prefeita e o seu esposo, o deputado federal Anthony Garotinho (PR), discursar que o município de Campos perdeu muitos recursos com empresas que pegaram financiamento com o Fundecam e não construíram nada. Acho que eles se esqueceram o que a vinda da unidade industrial da Schulz, empresa alemã que atua na área de tubos e conexões, para o município, durante o governo do ex-prefeito Alexandre Mocaiber (PSB) representou para Campos. Foi um investimento total de R$ 80 milhões. Gostaria que o casal Garotinho procurasse os investidores para perguntar sobre os resultados do nosso projeto. Se ele fosse ruim, ela não o teria relançado, não é verdade? — disse Concebida, explicando que, quando saiu da direção do Fundecam, havia R$ 30 milhões em caixa. “Se estivesse novamente à frente do Fundecam, faria tudo de novo”, disse.

O criador do Fundecam declarou que torce para que as mudanças que a prefeita está provendo no Fundo dêem certo e que não espera reconhecimento. Segundo ele, não há como incentivar a economia lo-cal sem o Fundecam. “Levei seis anos de trabalho e muita dedicação para fazê-lo funcionar. Sei que o trabalho deu resultado, visto que, foi relançado agora e essa prática de pegar projetos que funcionam e relançá-los como algo novo não é novidade, pois é mais fácil pegar algo pronto e alfinetar pelas costas. Acho que eles pensam que vão salvar a Pátria”, declara.

Fundo inspirou outros nos mesmos moldes

O Fundecam criado em Campos virou modelo para outros municípios na região e até em outros estados. Ano passado, uma parceria entre a Prefeitura de São João da Barra e a Agência de Fomento do Estado do Rio — Investe Rio — traçou as diretrizes para a criação do Fundo de Desenvolvimento Econômico de São João da Barra (Fundesan), inspirado no Fundo de Desenvolvimento de Campos (Fundecam), a iniciativa segue os mesmos moldes do Fundo campista.

A prefeita Carla Machado (PMDB) anunciou que, a partir do dia 17 de junho, os pescadores de São João da Barra ganharão uma linha de crédito especial no valor de R$ 500.000,00 para projetos que visem fomentar a produção pesqueira no município.

— Será uma missão nossa oferecer suporte de legalização para o pescador em parceria com o Fundesan — disse o secretário de Pesca, João Batista dos Santos Filho, informando que a linha de crédito oferecerá financiamento para serviços de reforma e reparo de embarcações e equipamentos de pesca.