No antigo teatro grego, os atores utilizavam máscaras, que eram chamadas de persona. Se representavam tragédias, os traços eram horripilantes, se comédias, hilariantes. Cada cena, uma máscara. Hoje, muitos anos após aquelas encenações gregas, ainda existem figuras que escondem seus sentimentos por trás das máscaras. Em um momento aparecem como santos que pregam uma palavra de paz e dizem espalhar amor pelos quatro cantos. Minutos depois, colocam uma máscara de carrasco e atacam de forma covarde os que não compactuam com suas idéias. Para completar, ainda possuem uma máscara de vítima — essa é usada com muita freqüência — pois adoram bancar os coitadinhos e dizem que estão sendo perseguidos. Passam por cima da própria família, zombam das Leis, colocam a vida das pessoas em risco e ainda alegam que foram injustiçados.
O escritor Nicolau Maquiavel, em seu clássico livro “O Príncipe”, obra que freqüenta a cabeceira de alguns “poderosos chefões”, diz: “Não é necessário possuir todas as qualidades, mas é muito necessário que as aparente”. Maquiavel se baseava no fato de que as pessoas enxergam a aparência, “mas poucos sentem o que realmente somos”. No embalo deste ensinamento maquiavélico, alguns políticos mascarados estão durante muitos anos tentando aparentar algo que não são.
O político precisa representar o povo, não representar para o povo. Há uma espécie de gangorra entre essas duas representações: quanto melhor o político representar o povo, menos representará para o povo. Quanto mais representar para ele, pior o representará. Mas para esses mascarados, o que vale é a aparência. Valorizam mais o modo como se fala e não o que se fala, a simulação do que se sente e não o que se sente.
Muitos homens públicos tiveram experiência no teatro. O problema é que alguns ex-atores nunca desceram do palco. Esses “artistas” não perceberam que as cortinas se fecharam e que os aplausos de hoje não são espontâneos. Nos “shows” dessas figuras, o público não comparece de forma espontânea. Cada aplauso tem um preço. São pessoas que perderam completamente a noção entre real e imaginário. Atribuem ao Pablo Picasso a seguinte frase: “A arte é uma mentira que nos permite conhecer a verdade”. Mas nesse baile dos mascarados, existem figuras que tentam usar a arte para espalhar e sustentar suas mentiras. Para este tipo de “artista” (cada vez mais desmascarado) resta apenas uma alternativa: sair de cena.
Ilsan Viana — Vereadora
Artigo publicado hoje (08) pela Folha da Manhã
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